quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Somos seis

Agora que a história da cinomose do Rock acabou bem, já posso contar minha aventura desta segunda-feira.
Pra quem AINDA não sabe, eu tenho quatro cachorros, todos vira-latas. O pai foi pego na rua pela minha irmã. Quando ele teve três filhotes, tive a brilhante ideia de querer ficar com todos. Somos seis, então, há quase sete anos: Marelo, Juninho, Rock, Leo, Emiliano e eu.

 Marelo quando ainda tinha orelhas. Elas caíram quando ele teve doença do carrapato.

Segunda-feira saí da escola e fui direto pra Ourinhos internar o Rocambole. Ele estava com cinomose, segundo o veterinário daqui de Águas, então achei melhor levá-lo pra Adriana, que cuida dos meninos e nunca perdeu nenhum. E olha que dois deles já tiveram doença do carrapato duas vezes. O Emiliano achou melhor levar também os outros três pra vacinar, já que cinomose é uma doença contagiosa. E fomos.
Quando cheguei na porta da clínica me lembrei que esqueci de passar a coleira neles. Por sorte, elas estavam no carro. Iniciou-se o processo da vergonha. Eu com metade da porta do carro aberta, tentando enfiar a coleira no pescoço deles e eles gritando e uivando dentro do carro.
Entramos. Na porta da clínica havia uma jaulinha com uma gata e dois filhotes para doação. É lógico que o Marelo quis pegar os gatos. Puxei com força a coleira e seguimos. Os três saudáveis no chão, encoleirados, o Rock no meu colo e eu toda atrapalhada tropeçando nos cachorros e embaralhando aquele monte de cordas na minha mão. Cheguei no balcão e, enquanto a atendente preenchia a ficha, Juninho, o único saudável ali no momento e não-castrado, iniciou seu processo de marcar território. Deu uma deliciosa mijada no balcão de atendimento.

Juninho se deliciando na lama.
Fomos pra sala de espera. A veterinária demorou uma meia hora pra atender, pois estava em horário de almoço. Tinha duas meninas segurando um Lhasa Apso na mão, e aí começou a choradeira. O Lhasa queria brincar e ficava chorando, o Leo chorava de medo, pois sabia onde estava (já tinha estado ali no mínimo umas cinco vezes). Marelo, ao ver a ajudante chegando pra limpar mais uma mijada do Juninho, se enfiou embaixo da cadeira em que eu estava sentada e começou a latir sem parar. A dona do Lhasa foi mexer com o Rock, o que ele fez? Foi perto dela e deu uma cagada diarreiacomsangue. A menina só faltou sair correndo dali. Começaram a chegar os cachorrinhos de madame pra hora do banho, e quando as pessoas viam meus quatro vira-latas sujos de terra deitados no chão da sala de espera iam saindo de fininho.
Enfim, chegou a hora do atendimento. A Adriana é uma mestiça séria, não tem frescura nenhuma com os cachorros, tampouco com as palavras. Toda vez me dá bronca, porque sempre tem carrapatos nos cachorros. Mas eu já nem sinto mais vergonha, pois por mais que eu me esforce, dê banho e passe veneno, meu quintal tem terra, meus vira-latas gostam de cavar buracos e sempre que têm uma oportunidade fogem pra rua.

Rock tem medo de trovão e escala janelas.
Internamos o Rock e a veterinária começou a aplicar vacina nos que sobraram. Juninho, antes de receber a sua, deu mais uma mijadinha pra marcar território na sala de atendimento. Leo tomou tanta injeção nessa vida que nem se mexeu quando chegou sua hora. Marelo, como sempre, mordeu a Adriana.

Leo odiava humanos nessa época. Só ficava perto das flores.
Meninos medicados, voltamos pro balcão de atendimento para pagar a conta. Enquanto eu pechinchava, Juninho deu sua última mijada do dia, mais uma vez no balcão. Marelo olhava fixamente um dos gatos que mora na clínica. Este, por sua vez, retribuía da mesma forma o olhar fixante. Eu tava vendo os dois se pegando e o gato dando uma surra no Marelo, que não tem qualidade para duelar. Fomos embora dali, eu com dor no coração de estar sendo puxada por três coleiras somente. Passamos pelos filhotes de gato pra doação, que fizeram aquele sonzinho apaixonante de cobra (gatos assustados fazem som de cobra dando o bote). Voltei pra Águas, mas não sem antes o Juninho marcar território mais uma vez, desta vez na calçada da clínica.
Somos vira-latas, mas frequentamos o high society.