terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Minha primeira crítica turística parte III

Tá ficando cansativo esse negócio de diário de viagem, mas começou, termina. Cacete.
No terceiro dia pegamos nossas trouxinhas e seguimos pra Trindade. Esqueci de mencionar que, voltando de São Gonçalo, tentamos ir pra Paraty-Mirim, mas a estrada era de terra, péssima, cheia de lama e no meio disso tudo tinha uma tribo indígena, protegida pela Funai. Deixamos quieto. Já a estrada de Trindade é bem mais tranquila. Asfaltada e, apesar de estreita, quase não há perigo quando estamos devagar. Dá pra ir de bus também, viu gente. Enfim. Chegamos lá e não sabíamos em que praia ficar. Estacionamos por 10 reais e pegamos a trilha pra Praia do Meio, mas tinha muita gente, muito bar e muito som pro meu gosto. Misturava samba e reggae, parecia que eu tava na Praia Grande, sei lá. Então pegamos mais uma trilha que deu pra Praia do Cachadaço. Essa sim, meu amigo, vale a pena... uma praia limpa, extensa, com poucas ondas e dois bares rústicos (no meio do mato, mesmo). Tinha bastante gente, mas nenhum som. Como somos seres incansáveis e aventureiros, seguimos até o fim da praia e pegamos OUTRA trilha, essas de 700 metros, que dava pra Piscina Natural do Cachadaço. A porra da trilha é terrível: muita subida, passagens estreitas, mas com uma linda vista pro mar. Ouvi dizer também que há uma praia nudista por ali. No meio da trilha tem um bar que vende água a três reais (o cara deve ganhar uma puta grana). Acho que vende maconha também, pelo que percebemos. Então... na piscina natural tinha muita gente, por isso a água não estava tão límpida (e risonha), mas dava pra ver muitos peixinhos listradinhos de preto e amarelo. Acho que se chamam Jurumirins, nadavam no meio de todo mundo sem cerimônia alguma e até morderam o pé do Emiliano. Eu, que sou velha, enjôo no mar, tenho medo de afogar e coisa e tal e tal e coisa, amei esse passeio. Até pulei de uma pedra! Difícil foi pegar a trilha de volta. Tiramos uma boa pestana nas areias da praia do Cachadaço, em meio a muitos aspirantes a hippies fumando seus baseadinhos. Duas hippies resolveram morar por lá e, para sobreviverem, montaram uma barraca e vendem sucos, pastel, refri, porções. Uma porra dum pastel custava 4 reais. De hippie só a barraca, meu filho, aquelas cretinas devem montar na grana fazendo os gringos de trouxas. A única coisa bacana era o rotweiller que ia pegar o coco, abria, bebia e enterrava na areia.
A noite eu tava bagaçada, mesmo assim fomos no Che Bar, que de revolucionário só tinha o nome. Vi uma das coisas mais bacanas que tinha por ali. Dois gringos, talvez do México, um novinho e um mais velho, tocando violão, banjo e cantando músicas de sua terra, esbanjando um sorriso no rosto. Felicidade plena tinha também o hippie (esse era hippie MESMO, e não fingido, igual à maioria dali) que fazia caricaturas de turistas. Camisa aberta, pezinhos descalços pra cima e um sorriso seguro, do tipo "paguem pau pra mim porque sei o que estou fazendo". Era, de longe, nosso artista predileto.
Amanhã eu conto sobre o quarto dia (que, na minha opinião, foi mais sofrido).

Um comentário:

  1. Vamos às minhas considerações:

    - O nome do barzinho das hippies é Casa Torta, sem energia elétrica e talvez por isso aquele suquinho, praticamente em copinho de café, me custou 4 pilas.
    - A trilha tem 700 m para os esportistas, para o gordo que sou, o cálculo beira aos 5.000 m.
    - Fomos bem aceitos pelos vários cães que perambulam por lá; logo na chegada já avistamos um cão amarelo desfalecido sob uma generosa sobra
    - O Che Bar é caro, pra mim, não vale a pena
    - Elegi como meu ídolo nº 1 de Paraty aquele hippie caricatugênico que fazia caricaturas sensacionais, com aquela felicidade estampada no rosto e aquele charme de pobreza de quem ganha 30 reais a cada meia hora para ganhar sorrisos (não confunda com "tirar", coisa de palhaço que força). Ele é o cara, no momento, meu último grande herói
    - Nesse dia eu fiquei pouco na água mesmo... rs.

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